
A análise foi divulgada este mês e é referente a coletas realizadas em fevereiro deste ano, período de início da quadra chuvosa. Do total, 88,3% das amostras tinham algum grau de contaminação além do aceitável. Em novembro de 2015, 82,7% das águas apresentaram algum material indesejável. No relatório de 2015, o açude de Tatajuba, no município de Icó, era o único com águas consideradas limpas. Na nova análise, não há nenhum açude nessa categoria.
A
pesquisa leva em conta a deterioração da qualidade da água, que pode
ficar com aspecto esverdeado e mal cheiroso, causar a morte de peixes e
favorecer o surgimento de plantas aquáticas. Além disso, a água nessas
condições demanda mais tratamento, o que aumenta o custo do processo.
Isso foi justificativa da Cagece para reajuste na conta de água no
último mês de março.
Segundo a Cogerh, os açudes do semiárido
costumam ter esses problemas devido à baixa renovação das águas. “A
estiagem é um fator extremamente relevante na deterioração da qualidade
da água”, explicou, em nota, o Estado. Segundo o relatório, os
principais geradores da contaminação para os reservatórios são descargas
de esgotos domésticos e industriais, afluência de partículas dos solos,
criação de gado no entorno dos açudes e piscicultura.
Na
última terça-feira, 26, foi anunciado pelo Governo do Estado novo plano
de contingência, que terá meta de economia de água de 20% e tarifa mais
severa.
Níveis de poluição
Na análise, a maioria
dos açudes apresentaram grau intermediário ou alto de poluição. Há 36
açudes no pior estágio de comprometimento da qualidade. Eles apresentam
elevada concentração de substâncias indesejáveis e estão sujeitos a
grande reprodução de algas e aumento da mortandade de peixes.
Outros
62 açudes estão no segundo pior estágio de degradação da qualidade.
Estão entre os açudes mais usados e, por isso, os mais afetados pela
ação humana. Eles representam a maioria dos reservatórios analisados.
Suas águas perderam parte das características ideais, como a
transparência. Os açudes mais importantes do Ceará estão nessa
categoria. É o caso dos três maiores: Castanhão, Orós e Banabuiú. E
também o Gavião, por onde passa a água que abastece Fortaleza.
A
Cogerh ressaltou que a água armazenada em qualquer açude precisa de
tratamento para ficar apropriada ao consumo. Conforme o órgão, as
análises divulgadas pelo relatório são de amostras colhidas na
superfície dos reservatórios, próximo às barragens. “Não necessariamente
será representativa da qualidade de toda a massa de água acumulada no
açude”, diz.
Contudo, o órgão ressalta que tais índices
representam indicação de que a qualidade da água está comprometida. Para
a Cogerh, o Estado tem mostrado que é preciso desenvolver estratégias
para conviver com a escassez hídrica e com a presença desses materiais
nos reservatórios, sobretudo após anos consecutivos com poucas chuvas.
Saiba mais
Na última quinta-feira,
21, o Castanhão ficou, pela primeira vez desde que encheu, com volume
abaixo de 8% da capacidade total. Ontem, o reservatório estava com
7,83% do volume. Em maio, estava com 9,17% da capacidade.
Neste ano,
o Ceará fechou a quadra chuvosa abaixo da média, com 329,3 mm de
precipitação e desvio negativo de 45,2%. O ano entrou na lista dos dez
mais secos da região desde 1951.
O Povo
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